O câncer de
próstata é o segundo que mais acomete os homens brasileiros, atrás apenas do
câncer de pele não-melanoma. Apesar do índice preocupante, alguns estudos
apresentados durante a Asco 2012 trouxeram a esperança de avanços no tratamento
da doença para os próximos anos. Confira:
Estudo
INT-0162
O primeiro
estudo apresentado revelou que a terapia hormonal intermitente (ou seja, parar e
reiniciar o tratamento periodicamente) é menos eficaz que a terapia contínua em
certos homens com câncer de próstata avançado. No comparativo, a sobrevida dos
pacientes que receberam a terapia contínua foi, em média, dois anos e meio
maior. O resultado engloba pacientes com doenças mínimas. Entre os homens com
maior propagação da doença, os resultados indicam que os dois tratamentos são
comparavelmente eficazes.
Para Luiz
Flávio Coutinho, oncologista da Oncomed BH, apesar de relevante, o estudo
apresentou alguns problemas. “As análises de subgrupo foram um pouco mal
planejadas e mal definidas. Além disso, um estudo anterior, de fase III, já
havia trabalhado a questão com um grupo mais adequado. Na ocasião, a terapia
intermitente aumentou o índice de mortalidade”, afirma.
Estudo
COU–AA–302
No segundo
estudo, a abiraterona, droga utilizada para tratar o câncer de próstata mais
avançado, foi explorada pela primeira vez no tratamento de estágios anteriores
da doença. O objetivo foi avaliar o papel da droga em pacientes que ainda não
passaram por tratamento quimioterápico.
Os resultados
apresentados indicam um considerável benefício de sobrevida global com a
abiraterona. Contudo, estudos maiores e de longo prazo são necessários para
confirmar a abordagem. “O estudo já mostrou benefício de 3,9 meses de sobrevida
com a abiroterona na comparação com o uso do placebo em pacientes previamente
tratados com docetaxel. Mas algumas perguntas ainda precisam ser melhor
respondidas, como se o melhor cenário de uso da abiroterona é pré ou pós a
quimioterapia. Outro ponto falho é que o ganho absoluto com o método não foi
estabelecido”, analisa Luiz Flávio Coutinho, oncologista da Oncomed BH.
Estudo
AFFIRM
Por fim, o
terceiro estudo relevante apresentado buscou analisar se a enzalutamida
(atiandrogênico oral) poderia prolongar a sobrevida de pacientes com câncer de
próstata pós-quimioterapia e resistente à castração. Os pacientes foram
divididos em dois grupos: a média de sobrevida foi de 18,4 meses no grupo dos
homens tratados com a enzalutamida contra 13,6 meses no grupo tratado com
placebo. O questionário de qualidade de vida também apontou bons números, como
melhora em 43.2% pacientes tratados com enzalutamida contra 18,3% dos homens
tratados com placebo. Apesar dos índices satisfatórios, o estudo de fase III foi
interrompido após uma análise interina e alguns efeitos ainda precisam ser
melhor esclarecidos e investigados.
Como
identificar o câncer de próstata
De forma geral,
o câncer de próstata não apresenta sintomas, principalmente se a doença estiver
em estágio inicial. Por esse motivo, é recomendável que todos os homens a partir
dos 40 anos de idade se submetam ao exame de toque retal e PSA. O exame é feito
por meio da análise do formato e consistência da próstata a partir do tato do
especialista.
Apesar de
praticamente não possuir sintomas, alguns merecem atenção. A dificuldade de
liberar a urina, o jato urinário fraco ou o aumento do número de micções, por
exemplo, podem ser indicativos, mas não apontam necessariamente a presença do
câncer de próstata. Por isso, ao perceber algum desses sintomas, é recomendável
que o homem procure um médico para avaliar melhor a
situação.
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